terça-feira, 5 de agosto de 2008

Encontro com um gatinho


Hoje à tarde, depois do expediente, resolvi não ir para a aula e tomar uma cerveja "stand-alone" no shopping perto do trabalho. Queria aproveitar para dar uma relaxada, por os pensamentos em ordem, ler alguns e-mails. Peguei um chope, sentei-me e abri o notebook. Alguns minutos depois, levantei os olhos por sobre a tela do note, e ao mesmo tempo, um rapaz a três mesas de distância, virou-se. Ficamos uns 5 segundos nos encarando. Nem se tivéssemos ensaiado, não teria sido tão sincronizado. O cara era um "Gianechinni" de bonito, barba por fazer, bem naquele estilo.

Como ele estava de costas, levantou-se, disfarçou e trocou de lugar. Ficamos de frente. Ele olhava constantemente no celular, parecia que esperava alguém. Eu continuei o que estava fazendo e de vez em quando, dava uma encarada no "ser". Certo momento ele riu timidamente, e desviou o olhar. Uma meia-hora depois, me distraí e quando eu levanto os olhos, ele, num ímpeto de ousadia, estava em minha mesa. Olhou para mim e perguntou: "Posso me sentar aqui?"

Eu fiquei parado olhando para ele e nem abri a boca para responder. Algo tinha me deixado atônito, paralisado, mudo. No momento em que ele falou meu cérebro antes de captar o sentido da mensagem emitida, preocupou-se com outra coisa e automaticamente acionou meus sistemas de defesa. Por quê? Porque o cara não falava, miava!

Três segundos após ele ter perguntado [uma eternidade] eu disse: "Pode!". Ele sentou-se, e miou perguntou: "O que faz sozinho aqui?". Eu respondi: "Na verdade estou esperando minha mulher. Combinei de encontrá-la aqui. Deve estar chegando..." O cara fez uma cara de surpresa, ficou meio sem-graça, levantou-se, desculpou-se e saiu.

Após ele ter saído e sumido na multidão, meu lado racional do cérebro voltou a funcionar e percebi que a atitude que tive foi instintiva. Era como se minha mente tivesse entrado em "Modo de Segurança" ao ouvir a voz do cara. Lembrei daqueles filmes americanos, mal dublados, em que a voz emprestada não tem nada a ver com a cara do ator. Deu vontade de rir. Mas depois deu vontade de chorar. Pelo menos o cara era bonitão. Mas convenhamos, com aquela voz de Piu-Piu não dava. Isso é o que dá ficar assistindo filme dublado!