terça-feira, 5 de agosto de 2008

Encontro com um gatinho


Hoje à tarde, depois do expediente, resolvi não ir para a aula e tomar uma cerveja "stand-alone" no shopping perto do trabalho. Queria aproveitar para dar uma relaxada, por os pensamentos em ordem, ler alguns e-mails. Peguei um chope, sentei-me e abri o notebook. Alguns minutos depois, levantei os olhos por sobre a tela do note, e ao mesmo tempo, um rapaz a três mesas de distância, virou-se. Ficamos uns 5 segundos nos encarando. Nem se tivéssemos ensaiado, não teria sido tão sincronizado. O cara era um "Gianechinni" de bonito, barba por fazer, bem naquele estilo.

Como ele estava de costas, levantou-se, disfarçou e trocou de lugar. Ficamos de frente. Ele olhava constantemente no celular, parecia que esperava alguém. Eu continuei o que estava fazendo e de vez em quando, dava uma encarada no "ser". Certo momento ele riu timidamente, e desviou o olhar. Uma meia-hora depois, me distraí e quando eu levanto os olhos, ele, num ímpeto de ousadia, estava em minha mesa. Olhou para mim e perguntou: "Posso me sentar aqui?"

Eu fiquei parado olhando para ele e nem abri a boca para responder. Algo tinha me deixado atônito, paralisado, mudo. No momento em que ele falou meu cérebro antes de captar o sentido da mensagem emitida, preocupou-se com outra coisa e automaticamente acionou meus sistemas de defesa. Por quê? Porque o cara não falava, miava!

Três segundos após ele ter perguntado [uma eternidade] eu disse: "Pode!". Ele sentou-se, e miou perguntou: "O que faz sozinho aqui?". Eu respondi: "Na verdade estou esperando minha mulher. Combinei de encontrá-la aqui. Deve estar chegando..." O cara fez uma cara de surpresa, ficou meio sem-graça, levantou-se, desculpou-se e saiu.

Após ele ter saído e sumido na multidão, meu lado racional do cérebro voltou a funcionar e percebi que a atitude que tive foi instintiva. Era como se minha mente tivesse entrado em "Modo de Segurança" ao ouvir a voz do cara. Lembrei daqueles filmes americanos, mal dublados, em que a voz emprestada não tem nada a ver com a cara do ator. Deu vontade de rir. Mas depois deu vontade de chorar. Pelo menos o cara era bonitão. Mas convenhamos, com aquela voz de Piu-Piu não dava. Isso é o que dá ficar assistindo filme dublado!


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Uma questão de escolhas


Esses dias atrás estava conversando com um colega, que se diz homossexual assumido. Apesar de assumido, ele não dá "pinta" e diz que suas preferências são homens com cara de homem e atitudes de homem. Palavras dele. No final, concordamos que a grande maioria que curtem caras, sejam assumidos ou não, tem as mesmas preferências. Eu sou um exemplo. Assunto vai e assunto vem, acabamos comentando sobre minha condição e ele, é claro, foi contra. Ele acha que o fato de eu "estar no casulo", seja uma falta de coragem da minha parte em assumir minha condição.

Eu discordo. Mas afinal, assumir o que? Pra que? Nunca fui fã de rótulos. Até concordo que a mente humana necessita deste processo de rotulagem para que possa fazer suas escolhas e classificações. Mas quando falamos de relacionamentos afetivos, rótulo para mim é algo dispensável.

Eu não gosto de carne, e só por causa disso eu tenho que ser vegetariano? Não! Eu apenas não gosto de carne oras.

E quando surge aquela pergunta: "Você é gay ou bi?" Eu simplesmente respondo: eu gosto de pessoas, eu me apaixono por pessoas, pela sua essência e não pelo gênero as quais pertencem. Isso é um mero detalhe. Pessoas não são produtos. Não vejo a necessidade de ter um rótulo apenas para engrossar um grupinho ou outro, pertencer a esta ou àquela tribo.

Então não tenho nada o que assumir. Se o caso for contar para Deus e o mundo que gosto de homens e de mulheres, também não vejo o porquê. Isso só traria mais consequências, magoaria pessoas desnecessariamente e geraria mais preconceito. Além de que, em minha opinião, "o mistério" fomenta a conquista. Revelar minha condição apenas por revelar, pra mim é só dar tiro no pé.

Afinal não preciso da aprovação de ninguém para ser feliz.


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Por um acaso do destino


As vezes fico abismado como as coisas acontecem em determinados momentos da minha vida. O mundo realmente dá voltas. Semana passada estava em crise com a digníssima. Brigamos por algo bobo, mas que para mim tem grande importância. Por causa disso, dei uma sumida dela por uma semana.

Eis que na dita semana que estávamos "separados", uma amiga minha apareceu no MSN. No passado, antes de estar com a digníssima, já havíamos nos relacionado por diversas vezes, nas mais diversas ocasiões e locais. Nos conhecemos em um clube, por intermédio de uma prima minha. Fomos apresentados e acabamos "ficando" naquele dia. Depois desse, vieram outros no mesmo clube. Em todas as vezes que nos encontrávamos, ficava a promessa de nos encontrarmos posteriormente. Mas acabava ficando apenas na promessa. Em todas as vezes que nos relacionamos, parecia que não nos conhecíamos. Cada encontro era uma reconquista.

Em uma oportunidade, fui convidado por meus primos para passar o réveillon em uma casa na praia. Como ela era amiga da minha prima, estaria lá também. Na verdade, o que me motivou a ir foi justamente saber que ela estaria lá. Depois fiquei sabendo que foi este mesmo motivo que a levou também. Já no primeiro dia, à noite, sem querer nos deixaram sozinhos na casa. Ainda meio tímidos como sempre, "ficamos" e acabou rolando algo mais "quente". Ficamos juntos durante toda a estada na praia. Por fim, eles retornaram e eu, como estava de férias, curtiria o restante na casa de uma tia. E novamente a promessa ficou no ar, de nos encontramos na volta.

Pois essa semana ela reapareceu. Acabamos caindo no assunto faculdade, pois fazemos o mesmo curso. Conversando sobre a faculdade em que ela estuda, fiquei sabendo que a instituição possui um programa próprio de financiamento. Como meu irmão estava à procura de uma faculdade em que houvesse o curso de enfermagem e possuísse programa de financiamento próprio, pedi maiores detalhes. Ao final da conversa, ela me convidou para nos encontrarmos ao fim da aula do próximo dia para que ela me passasse tais detalhes.

No outro dia sai da faculdade mais cedo e fui até a faculdade dela. Ela comentou que me levaria em casa assim que deixasse as amigas em casa. Todas entregues em suas respectivas residências, ela me levou em casa. Já próximo de casa, paramos em um local escuro e seguro para "conversar" e mais uma vez "ficamos" e acabou rolando algo bem "quente".

Hoje pensando no que aconteceu, sei que novamente não nos veremos por um bom tempo. Parece que sempre fica algo inacabado entre nós, um abismo. Apesar disso, gosto dela, da sua companhia, das conversas. Temos os mesmos gostos musicais, ambos temos gosto pela dança de salão, trabalhamos na mesma área, dominamos os mesmos assuntos. Ao mesmo tempo em que temos muitos motivos para estarmos próximos, nos afastamos. Parecemos dois imãs de mesma polaridade, tentando se aproximar e que, no final, acabam se repelindo. E isso me assusta!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Conveniência de uma Inconveniência


O ser estava sumido por estes dias. Não sabia o que havia acontecido com ele depois do último episódio. A semana inteira ele ficou off-line. Acho que inconscientemente ele percebeu meu desinteresse em "tocar o relacionamento" depois da "pressão", por mais que não existisse qualquer compromisso entre nós.

Hoje ele reapareceu, me chamou no messenger com um simples "Oi". Esperei alguns minutos para responder, o cumprimentei e perguntei como estava. Ele disse estar envolvido em um projeto na empresa e por isso o motivo do sumiço, apesar de eu não ter cobrado nada ou dito algo relacionado a isso.

Depois disso, ele disse que queria contar uma novidade. Contou que passaria o feriado em Montevidéu. Eu respondia monossilabicamente. Deixei ele contar tudo, sem qualquer pergunta da minha parte. Percebi um certo prazer nele em me relatar tudo aquilo. Lembro que havia confidenciado a ele que gostaria muito de visitar Montevidéu, do que eu gostaria de conhecer por lá, da viagem de carro que gostaria de fazer pelo país. Agora voltando a fita e analisando nossas conversas, percebi que isso ocorreu por diversas vezes, sem que eu me desse conta. Em todas as oportunidades que contei a ele alguma coisa que eu tinha vontade de fazer, ele dias depois vinha sempre querendo contar uma novidade que acabava sendo algo ligado àquilo que eu havia confidenciado.

Não deveria, mas me senti mal por isso. Era como se meu sonho tivesse sido roubado. Não pelo fato de que eu ache que só eu tenho direito de fazer certas coisas, mas sim por ver que ele sentia prazer em contar algo que ele sabia que eu sentia muita vontade de fazer. Não quero um relacionamento para ser a muleta do outro, assim como também não quero uma amizade de conveniência.

A ficha caiu. Pena que tenha que ter sido dessa maneira.


quarta-feira, 9 de abril de 2008

Uma história com começo, meio e fim

Ontem fez cinco dias desde o último encontro com o ser. Ao final do expediente, recebi uma mensagem dele no celular, dizendo que queria me ver no outro dia. Respondi que poderia ser as nove, pois tinha prova. Ficou marcado.

Durante o dia, ele estava off-line de novo. Fui para a aula a noite, fiz a prova e sai correndo, pois o local que nos encontraríamos era longe.

Chegando ao local, uma rua meio deserta e escura num bairro residencial, parei o carro e esperei. Dez minutos depois ele encostou o carro atrás. Desci e passei para o carro dele, pois o insulfilm é mais escuro. Depois de um "oi" tímido, já captei que tinha algo no ar.

Conversamos como se estivéssemos nos conhecendo naquele momento. Cadê aquele fogo de quinta? Como um estalo de relâmpago, veio a minha cabeça um episódio que aconteceu na sexta: Na hora do almoço, eu e a digníssima resolvemos almoçar na cantina. Ela se serviu e sentou-se e eu, que ainda estava me servindo, cheguei logo atrás. Quando eu vi a cena, minha barriga gelou. Ela havia sentado justo na mesma mesa em que ele estava sentado. Tanto lugar disponível e ela foi escolher logo aquele.

Já imaginando o que seria, perguntei o porquê daquela indiferença. Ele respondeu: "Não estou sendo eu 100%. Como já te comentei, o fato de você ser casado me incomoda."

Senti aquilo como um "ou você termina com ela ou já era". Expliquei que não terminaria com ela assim, da noite para o dia. Havia muita coisa em jogo. Disse a ele que curtisse o momento, o agora. Ele me abraçou e nos beijamos. E ali ficamos por uma hora e meia. Então ele se foi. Eu voltei para o meu carro e fiquei uns dez minutos em silêncio, pensando naquilo que havia escutado dele. Liguei o carro e fui embora decidido. Aquele seria nosso último encontro.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

A conquista e seus desafios


Hoje fui ao encontro com o ser, apesar de estar entre a cruz e a espada. Não poderia ter faltado aula, pois meu limite de faltas estava estourado. Mas nem pensei muito e fui. Durante o expediente, trocamos telefones e marcamos de nos encontrar no cinema de um shopping distante, para evitarmos ao máximo sermos vistos por alguém conhecido. Sai do trabalho, deixei a digníssima em casa e fui para o shopping. Cheguei um pouco adiantado ao lugar. Na hora combinada nos encontramos no saguão do cinema.

Ele provavelmente havia passado em casa antes, pois estava com outra roupa e perfumado. Perfume muito bom por sinal. Entramos num impasse. Qual filme assistir? Romance, comédia, ficção? Eu deixei por conta dele, e ele deixou por minha conta. Ficamos nesse “chove e não molha” e perdemos a próxima sessão disponível. Escolhemos o filme "Jumper" que começaria dali à uma hora. Sentamos em uma mesa da praça de alimentação, ele pegou um refrigerante e eu uma cerveja. Engatamos uma conversa sobre trabalho. Ele me contou detalhes sobre o Canadá, contou dos planos de visitar os EUA nas férias. Eu me atinha apenas às perguntas. Não falei muito de mim. O que eu estava mais curioso era em saber o que tinha levado ele a me convidar para um cinema. Será que ele queria apenas conversar, me conhecer, se divertir ou queria algo mais? Um ponto de interrogação tomava conta da minha mente enquanto ele falava.

Chegou a hora do filme e fomos para a sala. Eu escolhi um lugar bem ao fundo, meio retirado. Não sabia das intenções dele, então já preparei o terreno. Acabou que ele assistiu ao filme do começo ao fim, sem se mexer. Bem... de vez em quando ele encostava a perna dele na minha. Será que pelo menos foi proposital? Fiquei decepcionado. Mas pensei... “ele deve ter esperado uma atitude minha enquanto eu esperava uma atitude dele”. Então, decidi tomar as rédeas do "negócio".

Na saída do cinema, convidei-o para irmos para outro lugar para continuar a conversa. Ele me perguntou o lugar e eu disse que no carro eu decidiria. Nos dirigimos ao carro dele que estava a dois pisos acima de onde o meu se encontrava, e pedi que me desse "carona" até meu carro. Seria a deixa. No carro dele, comecei a puxar o assunto que havíamos iniciado por MSN durante a viagem ao Canadá. Caímos na parte do "tal" cara que eu estava afim. Ele perguntou se eu já havia falado com o cara e eu respondi: "Estou falando com ele agora!". Ele ficou com uma cara de espanto e mudo. Se ele fingiu que não sabia, fingiu muito bem. Eu perguntei: "E então? As cartas estão na mesa, é só virá-las". De repente, ele pulou para cima de mim e me deu um beijo forte e já levou a mão "lá".

Realmente ele queria algo a mais, mas estava esperando uma ação da minha parte. Ele parecia louco de tesão. Como estávamos no estacionamento do shopping, pedi a ele que saíssemos dali para continuarmos em outro lugar. Mas ele não ouvia, parecia entorpecido. Insisti para sairmos dali para evitar problemas. E assim aconteceu. Peguei meu carro e fomos para um lugar próximo a casa dele, e lá continuamos nossa "conversa".

Agora estou analisando o pós-encontro, e o engraçado é que estou com a sensação de que não o verei mais. Parece que de repente perdi o interesse, a vontade de vê-lo novamente. Não sei se foram as palavras dele cobrando uma "posição" minha ou o fato de eu já ter conseguido aquilo que queria. Agora só me resta esperar as cenas dos próximos capítulos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Síndrome da Abstinência de Atenção


É incrível como às vezes as coisas acontecem apenas quando não damos muita importância a elas. Teve uma vez que meu priminho estava muito birrento sempre que eu queria brincar com ele. Conversando sobre o assunto com uma colega de trabalho, formada em psicologia, ela me orientou a ignorá-lo. Crianças geralmente quando tem atenção em excesso, fazem birra por se acharem "importantes". Pois bem, segui a orientação e realmente funcionou.

Mês passado, conheci um rapaz que trabalha na mesma empresa que eu. Nos cruzamos algumas vezes pelos corredores e em todas às vezes eu percebia um certo cruzar de olhares. Algo me dizia que "naquele mato tinha onça". Navegando pela comunidade da empresa no Orkut, vi que ele fazia parte também. Dei uma "fuçada" no perfil dele, vi algumas fotos e só. Dias depois, recebi um recado dele no Orkut. Provavelmente ele percebeu minha visita na lista de visualizadores do perfil. Trocamos algumas mensagens, e ficou por isso mesmo.

Num certo dia chuvoso, resolvi almoçar na cantina da empresa. Devido a chuva, a cantina estava lotada e havia apenas alguns lugares vagos. Um deles estava em uma mesa de canto de apenas dois lugares. Na outra extremidade estava o "ser". Resolvi sentar-me à mesa dele, afinal não tinha muita opção. Aproveitei para conversar. Nos cumprimentamos e utilizei o assunto do Orkut para puxar papo.

Nos outros dias, através do messenger próprio da empresa, convidei-o para descer até a cantina tomar um café na parte da tarde. Isso se repetiu mais algumas vezes durante a semana, porém com a recusa dele em algumas. A desculpa de sempre era de que ele estava muito ocupado. Mesmo assim, continuávamos conversando pelo messenger. O “ser” havia me cativado. Certo dia ele me chamou no messenger dizendo ter uma novidade para contar. Ele então noticiou que a empresa o convidara para passar algumas semanas no Canadá para um treinamento.

Durante a viagem dele, continuamos a conversar por MSN. Em uma dessas oportunidades, caímos no assunto sexualidade. Acabei contando para ele sobre mim e depois de muita enrolação ele acabou confessando que curtia caras também. Era a deixa. Comecei a fazer um "joguinho de mistério" dizendo que estava muito afim de um cara, mas que não sabia se seria correspondido. Ele me aconselhou a chamar o "tal" cara e abrir o jogo. Ele voltou de viagem e continuamos a conversar pelo messenger da empresa, sempre por iniciativa minha. Acabei por convidá-lo para tomarmos uma cerveja depois do trabalho, mas ele recusou dizendo estar com a agenda cheia. Isso se repetiu uma duas ou três vezes, todas com recusa da parte dele. Parei pra pensar e vi que estava dando atenção demais e recebendo muita recusa. Resolvi utilizar a tática que outrora havia utilizado com o meu priminho e passei a ignorá-lo. Não fiz mais convites, nem sequer o chamava para conversar no messenger. Assim se seguiu por uma semana.

Ontem ele me chamou no messenger. Esperei uns dez minutos para responder, e assim que o fiz, ele perguntou o que eu faria na quinta-feira depois do trabalho. Comentei que faria nada e fiquei "mudo". Eis que ele me convidou para um cineminha. A tática deu certo. Mesmo assim, eu disse que decidiria e o comunicaria. Hoje, assim que cheguei, ele já me chamou e questionou o que eu havia decidido. Aceitei o convite. Agora é ver qual é a intenção dele com isso.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Final)

Penúltimo dia de ilha e resolvemos ir para Brasília. Nos jogamos para lá cedo pois a caminhada era longa. Primeiro fomos conhecer a gruta da ilha e depois rumamos a Brasília. Uma hora e meia depois lá estávamos. Eu fiquei deslumbrado! Muita gente bonita, sarada, muito mais organizado. Uma outra ilha. Eu amei, já o pessoal não gostou muito. Ficamos algumas horas e já queriam voltar. Por mim eu ficava ali mesmo, mas...

Longa caminhada de volta a Encantadas. Chegamos no camping e resolvi comprar uma vodka e um suco Maguary. Fiz uma "batida" de maracujá e enchemos a cara. A noite, meus amigos quiseram ir até uma tal de "Lua", um lugar meio esotérico, meu místico, num lado obscuro da ilha. Eles explicaram, explicaram mas não entendi qual era a do lugar, mas já podia imaginar. E lá fomos nós. A nossa amiga cozida da batida, na trilha para o "Lua", no escuro, pensando que o namorado havia voltado ao camping chamar alguém, veio pro meu lado e insistiu para que eu despistasse o “dito cujo” para ela ficar com o tal carinha que ela estava foliando. Quando eu me dei conta o cara estava ali na nossa frente a um passo de nós, na penumbra. Putz... o cara tinha escutado tudo. E adivinha quem pagou o pato? O cara fechou a cara e não quis mais falar com ninguém. No meio do caminho, resolveram voltar para o camping, nem entendi direito o porquê. Percebi que a Mama havia ficado de cara comigo. Eu fiquei sem entender nada.

No outro dia, a ilha já tinha perdido a graça pra mim. Rumamos de volta ao continente. Na hora do embarque na barca, olhei para o braço e a pulseirinha ainda intacta. E eu que não dava nem meia hora para ela sair. Chegamos ao ponto de embarque em Pontal do Sul. Eu que havia combinado com a Mama de usar nosso dinheiro das passagens para comprar cachaça, e depois usássemos meu cartão para comprá-las, fiquei sem chão quando a atendente falou que não aceitava cartão. Nossos "queridos amigos" embarcaram no próximo ônibus e nem quiseram saber se eu e a Mama teríamos como voltar ou não. O jeito foi "mendigar" para um carinha de um estacionamento próximo [mas nem tanto] para passar o cartão em troca de dinheiro e uma porcentagem. Nossa sorte.

Chegamos a Curitiba, a Mama parecendo um camarão de queimada e eu sem marca alguma. Santo protetor 60. Me restou rumar para a casa da Mama consertar a desgraça que fiz no cabelo, afinal o trabalho me esperava no dia seguinte.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Parte 3)

Terceiro dia na ilha e a cachaça já havia acabado. Isso é o que dá deixar a disposição de todo mundo. Nossa provisão para cinco dias não deu nem para três. Nos restou recorrer ao mercado local, e pagar o preço cotado em dólar.

O mineirinho resolveu ir para Antonina pular o carnaval por lá. Insistimos, mas ele foi irredutível. E se foi. A noite fomos para o forró. Não tínhamos muita opção, já estavam todas esgotadas em Encantadas. Mas foi neste dia, que aconteceu um fato que me fará tomar um pouco mais de cuidado das próximas vezes. Eu com o meu cabelo louro arrepiado com quilos de gel, já cheguei no forro "causando". Em uma rodinha, reparei um rapaz cabelo raspadinho, cara de novinho, corpinho malhado, uma graça. Devia ser milico. Comecei a apreciar a beleza do rapaz e de repente ocorreu um encontro de olhares. Ele continuava olhando e eu achando se tratar de um olhar de interesse, continuei também. Depois de um certo tempo, um dos amigos dele, já cozido, veio me perguntar o porquê eu estava encarado o amigo dele. Eu neguei é claro, mas achei que aquilo havia sido uma tática do cara para saber qual era a minha. Pois bem, continuamos naquela discreta troca de olhares e ao que tudo indicava, ele estava interessado.

Eu no meu grupinho, continuei a dançar e um certo tempo depois, fiquei mais próximo do rapaz. Foi quando eu dei uma encarada de perto. Ele na hora falou: "O que você ta me encarando rapá? Perdeu alguma coisa? Quando passar por mim, abaixe a cabeça!". Minha cara caiu no chão e ao mesmo tempo meu sangue subiu e despejei: "Ficou maluco mermão! Eu lá fico encarando homem. Sou casado meu amigo! Eu hein.." e encostei a aliança na cara dele. Virei as costas e sai, afinal não queria armar a confusão com os amigos bêbados dele.

A Maria, amiga da Mama que presenciou a cena, veio me perguntar o que tinha acontecido e contei. Ela ficou “no veneno” e foi tirar satisfação com o cara: "O que você ta embaçando com o meu amigo? Você é que deve baixar a cabeça quando passar por ele. Ele é mais homem que você. Ta marcado comigo cara". Eu só ria discretamente no meu canto. A Maria como é muito influente e conhecida na ilha, fez o cara se sentir tão mal que ele veio me pedir desculpas e ainda me deu um abraço! Fiquei de boca aberta. Amigos são para essas coisas!

Mas nem tudo foi flores. A coitada da Maria pegou o "caso" dela com outra no forró. No embalo da música do "risca a faca" ela sentou o chinelo "nas fuças" do fulano. E a noite acabou com a Mama e um carinha que ela conheceu no forró, na barraca dela. Fui obrigado a dormir com a amiga dela em outra barraca. Tudo o que eu menos queria naquele momento.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Parte 2)

Primeira noite de badalação na Ilha do Mel. Fomos primeiramente ao "Reggae". Eu e a Mama descalços, como verdadeiros nativos. Aos poucos comecei a perceber a aproximação da amiga da Mama que veio de São Paulo. Pensei comigo: "Só o que falta começar a dar em cima!". Ela não era feia, mas também não atendia meus padrões de beleza. E olha que não sou exigente. Além de que ela fumava e mulher que fuma pra mim, sem chance. Não gosto de beijar cinzeiro. Dei uma de "John armless" e continuei a dançar e me divertir. Demos um pulo no "Forró" e de lá uma volta na praia de fora. Noite sem lua, a praia que é bem larga, estava um breu. Éramos guiados apenas pela pouca luz que vinha do forró e usando como referência a luz dos navios enfileirados esperando para aportar em Paranaguá. De vez em quando, tropeçávamos em alguém deitado na areia ou escutávamos um gemidinho aqui e ali. Típico...

Voltamos ao camping já altas horas. A nossa amiga já alta da cachaça começou a se engraçar para um carinha do camping, que é claro correspondia. Pra infelicidade do nosso amigo, namorado dela que já ficou de cara. Enfim, mais rodada de cachaça, conversas pra lá e pra cá. Fomos dormir com o dia amanhecendo.
Ao acordar, ainda cozidos, resolvi fazer uma loucura: descolorir o cabelo. Lá vou eu pro mercadinho local comprar descolorante. As coisas na ilha parece serem cotadas em dólar. Um carinha que estava em nosso camping e é cabeleireiro, resolveu ajudar. Fizemos a misturança e aplicamos no meu cabelo com a ajuda de uma colher de pau. Imagine a desgraça: Meu cabelo preto, com apenas um tubo de água oxigenada 30 Vol e pó descolorante. Fiquei parecendo um Mico-leão Dourado. O carinha olhou pra mim, riu e deu de ombros... "Vai ter que comprar mais descolorante". Lá vou eu com o cabelo Louro-laranjado-acobreado pro mercadinho comprar mais descolorante. Imagine a cara do povo que cruzava comigo na trilha. Além de que estava usando barba.

Volto pro camping tentar reparar a desgraça. Enfim, consegui um louro, não muito próximo do que eu queria, mas deu pro gasto. Tirei a barba e fomos baladear. Já cheguei "causando" na balada, com o povo comentando da minha cabeleira loura arrepiada com muito gel. Lá pelas tantas, a nossa amiga já cozida, começa a dar sinais de realmente querer foliar com o tal do carinha do camping. E detalhe: queria minha ajuda pra "desgrudar" o namorado dela. Pode? Em nome da amizade, fiz uma tentativa, mas o namorado dela acho que captou no ar e grudou mais ainda. Deixei quieto...

Inventei de querer amanhecer na praia e ver o sol nascer. Convidei o mineirinho e a Mama, únicos que aceitaram, pois o resto do povo só queria saber de "fumar" na "cabana do Jacob". Na verdade eu estava querendo era testar o mineirinho pra saber qual era a dele. Mas o feitiço virou contra mim. Lá pelas tantas, o mineirinho engatou um papo-cabeça com a Mama e eu ali era apenas um encosto. Perto das quatro da manhã, começou a fazer muito frio. Resolvemos voltar para o camping dormir. Ver o sol nascer havia perdido a graça, pelo menos pra mim.

Já a Mama, foi terminar o papo-cabeça com o mineirinho, só que na barraca dela... fazer o que?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Parte 1)

Apesar de não ser o último lugar "descontaminado" da Terra como na ficção (A Ilha, 2005) e muito longe disso, a Ilha do Mel, conhecida internacionalmente, ainda é um dos poucos lugares onde você pode encontrar de tudo um pouco: praia, natureza, diversão, badalação, descanso e beleza.

E como tudo na vida acaba o carnaval também acabou! Agora é voltar a realidade. Mas na bagagem, além de um cabelo louro avermelhado, trago lembranças e assuntos que se fossem aqui detalhados, dariam um livro, e dos grandes. Não posso dizer que foram todas lembranças boas, mas posso afirmar que o saldo foi positivo e que me fez refletir sobre muita coisa.

Depois de ter enrolado a digníssima e termos tido uma mini-briga, consegui alforria para viajar sozinho no carnaval, apesar de muito protesto. Alforria em termos... o lugar que eu iria, na cabeça dela era outro. Mas... Chegado o grande dia, acordei cedo e fui para o rodoviária já imaginando como seria o dito feriado no tal paraíso da diversão. Levei apenas alguns pertences e mudas de roupa. O resto ficou por conta do pessoal que me acompanharia. Além da Mama, iriam conosco mais um casal de amigos e um amiga da Mama que viria de São Paulo, que até então eu não conhecia. Já prevendo o que aconteceria, alertei a Mama: "Não quero saber da senhora jogando sua amiga pro meu lado! Estou indo pra me divertir". Mentira, é claro.

Chegando à rodoviária, encontrei o pessoal no portão de embarque já na maior da intimidade com um povinho esquisito e que já estava pra lá de Bagdá. Quem olhasse pro grupinho diria que eram amigos de infância. Eu como típico curitibano "naturalizado", não gosto muito de confiança no primeiro momento. Alertei-os, mas ainda sai por anti-social. Enfim, fiquei na minha. De repente, eis que o celular da Mama sumiu. Depois de procurar de lá e de cá, descobriram que estava na mochila de um dos carinhas que estavam no grupinho. O cara, que estava miando de bêbado, caiu de costas e junto com ele foram algumas garrafas da nossa vodka que estava em uma das sacolas no chão (sim, porque nossa adega nós levamos de casa já que o litro do álcool na ilha é caríssimo e compensa comprar e estocar). Vexames e bate-boca à parte, embarcamos no ônibus. Eu é claro, com aquela cara de "Bem-feito, eu avisei!".

Viagem curta de quase 2 horas até Pontal do Sul. Descemos carregadérrimos e com a nossa adega ambulante até o ponto de embarque, fizemos o cadastro exigido e ganhamos a pulseirinha para a entrada na ilha. Exigência boba do IAP. A travessia foi rápida e tranquila. Chegamos à ilha e fomos para o camping do Boto. Montamos as barracas, colocamos nossos pertences e começamos a rodada da cachaça e a conhecer nossos "vizinhos".
Me besuntei de protetor 60, tirei o tênis e fomos pra um reconhecimento da ilha. O lugar estava lotado, típico dos feriados prolongados. Ao passar pelas trilhas, a "marola" já vinha de encontro. Um dos meus preconceitos com o lugar era justamente esse. Mas enfim, cada um faz com o seu pulmão e nariz o que quer. Já o lugar, é realmente lindo. Na trilha da praia de fora, há um bar que toca reggae. Já na praia de fora, lado virado para alto-mar, há um bar um pouco maior que a noite toca forró. Mas no final, há pra todos os gostos. Ah... esqueci de dizer: fomos para o lado "pobrinho" da ilha, Encantadas. Sim, porque a Ilha do Mel para quem não conhece tem o lado pobrinho e o lado mais elite (Brasília). A travessia de um lado ao outro é feita ou de barco ou através de longas caminhadas pelas pedras que são acessíveis quando a maré está baixa.

Na volta para o camping, para se preparar para a noitada, encontramos um pessoal que ainda não havíamos conhecido. Entre eles, um mineirinho gatíssimo e muito gente boa. Entramos na rodinha, abrimos mais uma rodada de cachaça e entramos na conversa, enquanto um ou outro se preparava. Todo mundo pronto, rumamos à badalação. E eu com o mineirinho na cabeça. Bem... se fosse só eu...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Programação para o Carnaval

Essa semana fui convidado para ir para a ilha do Mel no Carnaval. Na verdade o convite já vinha sendo feito há algum tempo, para que eu fosse preparando o terreno. Ano passado foi a mesma coisa, mas acabei desistindo em cima da hora.

Dessa vez eu estou decidido. Vou nem que tenha que dar uma "pausa" no relacionamento para isso. Estou me privando do convívio com o meu amigos há anos. Dessa vez, ninguém me segura!

E semana que vem cantarei como foi.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Homem-Produto

Hoje estava refletindo sobre um fato que me aconteceu ontem. Eu, minha amiga Mama e um casal de amigos, combinamos de sair para baladear. A Mama que adora uma baladinha GLS, deu a idéia de irmos à Cats. E assim ficou combinado.

A balada era legal, ambiente lounge e a pista em cima. Uma festa da diversidade o lugar. Dançamos muito e bebemos mais ainda. Bem... A Mama bebeu um pouco além da conta e saiu passando o rodo. E a gente cuidando dela, como se ela tivesse quatro anos de idade. Nossos amigos foram embora e me incumbiram de cuidar dela. Eu que não cuidei nem dos meus irmãos quando eram pequenos, não cuidaria da Mama que é maior de idade, vacinada e macaca-velha de balada. Cortei o "combustível" dela e deixei-a continuar o tour na baladinha. Quando me dei conta ela tinha sumido.

Eu que já tinha me jogado na pista e dançado "horrores", estava com a "bateria" começando a arriar. Sentei-me em um dos sofás e me refestelei. Algum tempo depois, um rapaz sentou-se ao meu lado e puxou assunto. O cara era bonitão, mas era visível "o time" que o cara jogava. Conversamos bastante e em certa altura do papo, o cara me convidou a ir para o "dark room". Eu dei a desculpa de estar preocupado com a minha amiga, disse que já voltava e sai.

Achei a Mama no banheiro, caída num sofá próximo à porta do dark room. Fiquei ali esperando ela voltar do "transe alcoólico". Nisso eu vejo o carinha que tinha conversado na porta do dark acenando para que eu o acompanhasse. Fiz que não vi e continuei cuidando da pinguça. Por mais que o cara me chame atenção, seja bonito, não consigo partir assim para o "vamos ver".

Hoje pensando, eu me dei conta que isso me acontece apenas com caras. Com mulheres eu não sou tão sistemático. Creio que pelo fato de que, com caras, as coisas rolam muito mais "rapidamente" do que com uma mulher. Mas vejo que isso por um lado é bom. Se as pessoas fossem assim, dariam mais valor não apenas ao corpo, a beleza e sim a essência que há em cada um de nós.

Compramos um produto pelo seu conteúdo e não pela sua embalagem. Isso é só um detalhe, que pode fazer a diferença, mas ainda sim um mero detalhe.

domingo, 20 de janeiro de 2008

O começo de tudo...

Enfim, hoje estou realizando algo que estava em minha mente já há algum tempo, mas que vinha relutando em fazê-lo: criar este blog.

Nos últimos meses, depois de uma série de acontecimentos, vi uma crescente necessidade de compartilhá-los de alguma forma com alguém, nem que fosse anonimamente, protegido por trás de uma tela de computador. Ao mesmo tempo, poderia saber as mais diversas opiniões, conselhos sem que fosse julgado ou condenado, possibilidade que a só a internet nos dá.

Como disse anteriormente, nos últimos meses, acontecimentos me fizeram refletir profundamente sobre alguns assuntos que até então eram, de certa forma, tabus na minha concepção: assumir para mim mesmo minha condição e me dar a possibilidade de ser plenamente feliz. Digo "para mim" pois não vejo necessidade alguma de que as outras pessoas próximas saibam, pelo menos neste momento.

Desde criança eu sabia que era diferente dos outros garotos. E como toda criança criada em um ambiente conservador, numa sociedade machista e preconceituosa, cheguei a vida adulta com certos preceitos. O fato de gostar das meninas e também dos meninos, me deixava confuso. Por que os outros garotos gostavam apenas das meninas? Por que eu não poderia ter qualquer tipo de afeto com os meninos? Por que eu não posso chorar quando tenho vontade? Cresci negando sentimentos, vontades e me relacionando exclusivamente com mulheres. De certa forma, para mim isso não era um martírio, pois gostava delas também. Já me apaixonei várias vezes por mulheres, já chorei por uma paixão não correspondida, já namorei muito. Atualmente sou noivo, fruto de um relacionamento de quatro anos, mas levo uma vida dupla. O mundo dá voltas, as coisas mudam e as pessoas amadurecem.

A partir de agora, vocês poderão acompanhar um pouco da minha vida, minhas aventuras, relacionamentos, anseios, dúvidas. Poderão saber o que penso de determinado assunto, trocar experiências, rir e refletir com as minhas histórias. E aqui finalizo meu primeiro post. Portanto, sejam bem-vindos ao Diário de uma Vida Dupla.