segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Final)

Penúltimo dia de ilha e resolvemos ir para Brasília. Nos jogamos para lá cedo pois a caminhada era longa. Primeiro fomos conhecer a gruta da ilha e depois rumamos a Brasília. Uma hora e meia depois lá estávamos. Eu fiquei deslumbrado! Muita gente bonita, sarada, muito mais organizado. Uma outra ilha. Eu amei, já o pessoal não gostou muito. Ficamos algumas horas e já queriam voltar. Por mim eu ficava ali mesmo, mas...

Longa caminhada de volta a Encantadas. Chegamos no camping e resolvi comprar uma vodka e um suco Maguary. Fiz uma "batida" de maracujá e enchemos a cara. A noite, meus amigos quiseram ir até uma tal de "Lua", um lugar meio esotérico, meu místico, num lado obscuro da ilha. Eles explicaram, explicaram mas não entendi qual era a do lugar, mas já podia imaginar. E lá fomos nós. A nossa amiga cozida da batida, na trilha para o "Lua", no escuro, pensando que o namorado havia voltado ao camping chamar alguém, veio pro meu lado e insistiu para que eu despistasse o “dito cujo” para ela ficar com o tal carinha que ela estava foliando. Quando eu me dei conta o cara estava ali na nossa frente a um passo de nós, na penumbra. Putz... o cara tinha escutado tudo. E adivinha quem pagou o pato? O cara fechou a cara e não quis mais falar com ninguém. No meio do caminho, resolveram voltar para o camping, nem entendi direito o porquê. Percebi que a Mama havia ficado de cara comigo. Eu fiquei sem entender nada.

No outro dia, a ilha já tinha perdido a graça pra mim. Rumamos de volta ao continente. Na hora do embarque na barca, olhei para o braço e a pulseirinha ainda intacta. E eu que não dava nem meia hora para ela sair. Chegamos ao ponto de embarque em Pontal do Sul. Eu que havia combinado com a Mama de usar nosso dinheiro das passagens para comprar cachaça, e depois usássemos meu cartão para comprá-las, fiquei sem chão quando a atendente falou que não aceitava cartão. Nossos "queridos amigos" embarcaram no próximo ônibus e nem quiseram saber se eu e a Mama teríamos como voltar ou não. O jeito foi "mendigar" para um carinha de um estacionamento próximo [mas nem tanto] para passar o cartão em troca de dinheiro e uma porcentagem. Nossa sorte.

Chegamos a Curitiba, a Mama parecendo um camarão de queimada e eu sem marca alguma. Santo protetor 60. Me restou rumar para a casa da Mama consertar a desgraça que fiz no cabelo, afinal o trabalho me esperava no dia seguinte.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Parte 3)

Terceiro dia na ilha e a cachaça já havia acabado. Isso é o que dá deixar a disposição de todo mundo. Nossa provisão para cinco dias não deu nem para três. Nos restou recorrer ao mercado local, e pagar o preço cotado em dólar.

O mineirinho resolveu ir para Antonina pular o carnaval por lá. Insistimos, mas ele foi irredutível. E se foi. A noite fomos para o forró. Não tínhamos muita opção, já estavam todas esgotadas em Encantadas. Mas foi neste dia, que aconteceu um fato que me fará tomar um pouco mais de cuidado das próximas vezes. Eu com o meu cabelo louro arrepiado com quilos de gel, já cheguei no forro "causando". Em uma rodinha, reparei um rapaz cabelo raspadinho, cara de novinho, corpinho malhado, uma graça. Devia ser milico. Comecei a apreciar a beleza do rapaz e de repente ocorreu um encontro de olhares. Ele continuava olhando e eu achando se tratar de um olhar de interesse, continuei também. Depois de um certo tempo, um dos amigos dele, já cozido, veio me perguntar o porquê eu estava encarado o amigo dele. Eu neguei é claro, mas achei que aquilo havia sido uma tática do cara para saber qual era a minha. Pois bem, continuamos naquela discreta troca de olhares e ao que tudo indicava, ele estava interessado.

Eu no meu grupinho, continuei a dançar e um certo tempo depois, fiquei mais próximo do rapaz. Foi quando eu dei uma encarada de perto. Ele na hora falou: "O que você ta me encarando rapá? Perdeu alguma coisa? Quando passar por mim, abaixe a cabeça!". Minha cara caiu no chão e ao mesmo tempo meu sangue subiu e despejei: "Ficou maluco mermão! Eu lá fico encarando homem. Sou casado meu amigo! Eu hein.." e encostei a aliança na cara dele. Virei as costas e sai, afinal não queria armar a confusão com os amigos bêbados dele.

A Maria, amiga da Mama que presenciou a cena, veio me perguntar o que tinha acontecido e contei. Ela ficou “no veneno” e foi tirar satisfação com o cara: "O que você ta embaçando com o meu amigo? Você é que deve baixar a cabeça quando passar por ele. Ele é mais homem que você. Ta marcado comigo cara". Eu só ria discretamente no meu canto. A Maria como é muito influente e conhecida na ilha, fez o cara se sentir tão mal que ele veio me pedir desculpas e ainda me deu um abraço! Fiquei de boca aberta. Amigos são para essas coisas!

Mas nem tudo foi flores. A coitada da Maria pegou o "caso" dela com outra no forró. No embalo da música do "risca a faca" ela sentou o chinelo "nas fuças" do fulano. E a noite acabou com a Mama e um carinha que ela conheceu no forró, na barraca dela. Fui obrigado a dormir com a amiga dela em outra barraca. Tudo o que eu menos queria naquele momento.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Parte 2)

Primeira noite de badalação na Ilha do Mel. Fomos primeiramente ao "Reggae". Eu e a Mama descalços, como verdadeiros nativos. Aos poucos comecei a perceber a aproximação da amiga da Mama que veio de São Paulo. Pensei comigo: "Só o que falta começar a dar em cima!". Ela não era feia, mas também não atendia meus padrões de beleza. E olha que não sou exigente. Além de que ela fumava e mulher que fuma pra mim, sem chance. Não gosto de beijar cinzeiro. Dei uma de "John armless" e continuei a dançar e me divertir. Demos um pulo no "Forró" e de lá uma volta na praia de fora. Noite sem lua, a praia que é bem larga, estava um breu. Éramos guiados apenas pela pouca luz que vinha do forró e usando como referência a luz dos navios enfileirados esperando para aportar em Paranaguá. De vez em quando, tropeçávamos em alguém deitado na areia ou escutávamos um gemidinho aqui e ali. Típico...

Voltamos ao camping já altas horas. A nossa amiga já alta da cachaça começou a se engraçar para um carinha do camping, que é claro correspondia. Pra infelicidade do nosso amigo, namorado dela que já ficou de cara. Enfim, mais rodada de cachaça, conversas pra lá e pra cá. Fomos dormir com o dia amanhecendo.
Ao acordar, ainda cozidos, resolvi fazer uma loucura: descolorir o cabelo. Lá vou eu pro mercadinho local comprar descolorante. As coisas na ilha parece serem cotadas em dólar. Um carinha que estava em nosso camping e é cabeleireiro, resolveu ajudar. Fizemos a misturança e aplicamos no meu cabelo com a ajuda de uma colher de pau. Imagine a desgraça: Meu cabelo preto, com apenas um tubo de água oxigenada 30 Vol e pó descolorante. Fiquei parecendo um Mico-leão Dourado. O carinha olhou pra mim, riu e deu de ombros... "Vai ter que comprar mais descolorante". Lá vou eu com o cabelo Louro-laranjado-acobreado pro mercadinho comprar mais descolorante. Imagine a cara do povo que cruzava comigo na trilha. Além de que estava usando barba.

Volto pro camping tentar reparar a desgraça. Enfim, consegui um louro, não muito próximo do que eu queria, mas deu pro gasto. Tirei a barba e fomos baladear. Já cheguei "causando" na balada, com o povo comentando da minha cabeleira loura arrepiada com muito gel. Lá pelas tantas, a nossa amiga já cozida, começa a dar sinais de realmente querer foliar com o tal do carinha do camping. E detalhe: queria minha ajuda pra "desgrudar" o namorado dela. Pode? Em nome da amizade, fiz uma tentativa, mas o namorado dela acho que captou no ar e grudou mais ainda. Deixei quieto...

Inventei de querer amanhecer na praia e ver o sol nascer. Convidei o mineirinho e a Mama, únicos que aceitaram, pois o resto do povo só queria saber de "fumar" na "cabana do Jacob". Na verdade eu estava querendo era testar o mineirinho pra saber qual era a dele. Mas o feitiço virou contra mim. Lá pelas tantas, o mineirinho engatou um papo-cabeça com a Mama e eu ali era apenas um encosto. Perto das quatro da manhã, começou a fazer muito frio. Resolvemos voltar para o camping dormir. Ver o sol nascer havia perdido a graça, pelo menos pra mim.

Já a Mama, foi terminar o papo-cabeça com o mineirinho, só que na barraca dela... fazer o que?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Todos querem ir para a Ilha (Parte 1)

Apesar de não ser o último lugar "descontaminado" da Terra como na ficção (A Ilha, 2005) e muito longe disso, a Ilha do Mel, conhecida internacionalmente, ainda é um dos poucos lugares onde você pode encontrar de tudo um pouco: praia, natureza, diversão, badalação, descanso e beleza.

E como tudo na vida acaba o carnaval também acabou! Agora é voltar a realidade. Mas na bagagem, além de um cabelo louro avermelhado, trago lembranças e assuntos que se fossem aqui detalhados, dariam um livro, e dos grandes. Não posso dizer que foram todas lembranças boas, mas posso afirmar que o saldo foi positivo e que me fez refletir sobre muita coisa.

Depois de ter enrolado a digníssima e termos tido uma mini-briga, consegui alforria para viajar sozinho no carnaval, apesar de muito protesto. Alforria em termos... o lugar que eu iria, na cabeça dela era outro. Mas... Chegado o grande dia, acordei cedo e fui para o rodoviária já imaginando como seria o dito feriado no tal paraíso da diversão. Levei apenas alguns pertences e mudas de roupa. O resto ficou por conta do pessoal que me acompanharia. Além da Mama, iriam conosco mais um casal de amigos e um amiga da Mama que viria de São Paulo, que até então eu não conhecia. Já prevendo o que aconteceria, alertei a Mama: "Não quero saber da senhora jogando sua amiga pro meu lado! Estou indo pra me divertir". Mentira, é claro.

Chegando à rodoviária, encontrei o pessoal no portão de embarque já na maior da intimidade com um povinho esquisito e que já estava pra lá de Bagdá. Quem olhasse pro grupinho diria que eram amigos de infância. Eu como típico curitibano "naturalizado", não gosto muito de confiança no primeiro momento. Alertei-os, mas ainda sai por anti-social. Enfim, fiquei na minha. De repente, eis que o celular da Mama sumiu. Depois de procurar de lá e de cá, descobriram que estava na mochila de um dos carinhas que estavam no grupinho. O cara, que estava miando de bêbado, caiu de costas e junto com ele foram algumas garrafas da nossa vodka que estava em uma das sacolas no chão (sim, porque nossa adega nós levamos de casa já que o litro do álcool na ilha é caríssimo e compensa comprar e estocar). Vexames e bate-boca à parte, embarcamos no ônibus. Eu é claro, com aquela cara de "Bem-feito, eu avisei!".

Viagem curta de quase 2 horas até Pontal do Sul. Descemos carregadérrimos e com a nossa adega ambulante até o ponto de embarque, fizemos o cadastro exigido e ganhamos a pulseirinha para a entrada na ilha. Exigência boba do IAP. A travessia foi rápida e tranquila. Chegamos à ilha e fomos para o camping do Boto. Montamos as barracas, colocamos nossos pertences e começamos a rodada da cachaça e a conhecer nossos "vizinhos".
Me besuntei de protetor 60, tirei o tênis e fomos pra um reconhecimento da ilha. O lugar estava lotado, típico dos feriados prolongados. Ao passar pelas trilhas, a "marola" já vinha de encontro. Um dos meus preconceitos com o lugar era justamente esse. Mas enfim, cada um faz com o seu pulmão e nariz o que quer. Já o lugar, é realmente lindo. Na trilha da praia de fora, há um bar que toca reggae. Já na praia de fora, lado virado para alto-mar, há um bar um pouco maior que a noite toca forró. Mas no final, há pra todos os gostos. Ah... esqueci de dizer: fomos para o lado "pobrinho" da ilha, Encantadas. Sim, porque a Ilha do Mel para quem não conhece tem o lado pobrinho e o lado mais elite (Brasília). A travessia de um lado ao outro é feita ou de barco ou através de longas caminhadas pelas pedras que são acessíveis quando a maré está baixa.

Na volta para o camping, para se preparar para a noitada, encontramos um pessoal que ainda não havíamos conhecido. Entre eles, um mineirinho gatíssimo e muito gente boa. Entramos na rodinha, abrimos mais uma rodada de cachaça e entramos na conversa, enquanto um ou outro se preparava. Todo mundo pronto, rumamos à badalação. E eu com o mineirinho na cabeça. Bem... se fosse só eu...